30 janeiro, 2009

Quando tu estás...





"Quando tu estás perto de mim

Todo o azul do mundo é possível,

Os rios transbordam o carinho das margens,

E os ventos da sorte tornam-se mais favoráveis !

Qualquer bênção sagrada me trazes que tudo é compensador,

De tudo fico mais crente,

E o tempo todo pára à minha volta.

Assumo a criatividade da erva mais verde,

Pois a vida inteira rebenta fulgurante à superfície da terra,

Quer respirar, demonstrar ao Sol que Deus existe !

Nos lugares mais agrestes da minha alma

Vicejam agora jardins silvestres,

E tudo tem mais sentido,

Tudo é mais verdade !

Há latente em ti

Qualquer dom antepassado

Vindo das nascentes da alegria,

Que me faz acreditar em milagres !

A beleza e o prazer orbitam à volta da Terra

Para nos deslumbrar,

E toda a ideia de morte se torna ridícula.

Só a vida flui,

O crer é mais forte,

Tudo em nós é afirmativo.

Ficamos loucos no ter que ir e vir,

E no desespero de chegar ficamos sós,

Embora todo mundo se concentre à nossa volta ! "


Autoria de Martz Inura




"Nunca te esquecerei"






26 janeiro, 2009

Tantos Anos



"Tantos anos passaram !
Tantos ventos nos fustigaram,
Tantas águas passaram por debaixo das nossas pontes,
E tu ainda vens reflorescer na minha memória !
Com um viço tirado ao fulgor das manhãs,
Surges onde te julgava desaparecida,
Tens nascentes por todo o lado.
Vejo-te nos trejeitos de ondas oceânicas,
A brilhar ao lado das estrelas,
Na fulgurância do Sol !
Eu sei que me descobres desejos às mais rubras maças.
O teu jardim do Éden estende-se pela Terra inteira,
Tem muitas árvores da tentação a cercar-me,
Muitas serpentes voluptuosas a seguir-me:
Tu és o caminho para a vida !
Mas mais incómodas que as tentações,
É a saudade de querer voltar para ti,
Essa dor de te suspeitar sozinha,
Essa distância que quase te toca
E sempre fica aquém, intransponível !
É da tua imagem, a relampejar-me na alma,
Que os meus vulcões explodem a lava mais rubra,
Que se me aquece o sangue quando a tristeza o esfria !
Como gostaria de estar aceso nos teus secretos desejos,
E de novo reaprender a voar para te poisar nos ramos:
Ser eu e tu, outra vez, lume de uma só fogueira !?... "

Autoria de Martz Inura







21 janeiro, 2009

"O Principezinho" de A. Saint-Exupéry



"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o princepizinho que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, dessa a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o princepizinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princepizinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?= Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.- Há caçadore snesse planeta?
- Não.- Que bom! E galinhas?- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
- Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos quserá diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de outro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é doutrado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.- è preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva.Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz... às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.- Que é um rito? preguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda: Não se pode morrer por vós. Minhas rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o paravento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.E voltou, então, a raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fêz tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar."

Nome do autor: Antoine De Saint - Exupéry

...Aqueles que cativamos confiam em nós.
...Procuram-nos para os ouvirmos, para os aconselharmos.
Além disso ser uma grande verdade e uma grande prova de carinho, confiam em nós.
Além de ser uma grande responsabilidade, é como colocarem os seus corações nas nossas mãos, esperando apenas serem compreendidos e aceites como são.
...Por vezes fazemos as coisas sem pensar, depois vem o arrependimento e sentimos saudades de quem amamos.
...Ás vezes não damos ouvidos a quem realmente gosta de nós e a quem devemos ouvir.

13 janeiro, 2009

Quero apenas...




Quero apenas...


Quero sussurrar-te…
O quanto te quero…
O quanto te desejo…
O quanto gosto de ti…